Durante os 150 primeiros anos da história da fotografia[1], oferecer o próprio retrato fotográfico a alguém tinha o valor do estreitamento de laços afetivos, em geral reforçado por uma dedicatória do retratado ao presenteado. A distribuição de retratos em maior escala e para admiradores anônimos ficava reservado às celebridades da indústria cultural. Ainda que fosse tecnicamente possível, há mais de um século, produzir centenas de cópias de um retrato, não se concebia, antes da segunda década do século XXI, a ideia de mostrá-lo a todos os parentes, amigos, colegas de trabalho, conhecidos de conhecidos, e desconhecidos que estivessem nas redondezas. Com o advento das redes sociais, tornou-se natural, e em certos grupos sociais mandatório, distribuir representações fotográficas de si – a selfie[2] -- a milhares de pessoas, e aguardar a reação da rede à imagem compartilhada.
Figura 1: Retrato e dedicatória no verso da fotografia, oferecida a uma jovem chamada Kay, em 1961 https://flashbak.com/to-kay-from-warren-ohio-and-other-stars-of-her-1960s-yearbook-422875/
Como defendemos em outro texto[3], a mudança nos comportamentos em relação ao retrato, não pode ser creditada apenas às facilidades da fotografia digital e da rede de computadores. Houve uma mudança na relação do sujeito com seu retrato que acompanhou as peculiaridades da subjetividade na era do neoliberalismo, e configurou o autorretrato como um produto a ser transacionado na rede, como parte das estratégias de ser um bem sucedido empreendedor de si mesmo.
Figura 2: Retratos com dedicatórias no verso, oferecidos a uma jovem chamada Kay, em 1961 https://flashbak.com/to-kay-from-warren-ohio-and-other-stars-of-her-1960s-yearbook-422875/
A selfie, propomos, é uma fotografia não só do retratado, mas também de especificidades dos processos de subjetivação na contemporaneidade, que envolvem mecanismos de identificação e de constituição do ideal do Eu impactados por demandas neoliberais. O conceito de Narcisismo em Freud colabora muito na análise do fenômeno da selfie e na compreensão de aspectos psíquicos do sujeito neoliberal, que se adapta, inclusive imageticamente, à definição de felicidade da era do capitalismo tardio.[4]
É certo que existem tentativas de usos da selfie para fazer circular em rede o rosto das minorias invisíveis, o que insere na discussão a contraposição necessária a qualquer análise de novas tecnologias de produção de imagens.[5] É possível seguir a dialética proposta por Walter Benjamin[6] para identificarmos os usos da selfie tanto no reforço da subjetividade neoliberal quanto em propostas de resistência. No entanto, interessa-nos nesse trabalho analisar o uso da selfie em suas versões obedientes aos dogmas excludentes do neoliberalismo, que responsabilizam o sujeito pela conquista de sua satisfação pessoal. Esse tipo de selfie é aquele que retrata o indivíduo que atingiu, ou vive para atingir, metas de sucesso individual segundo os valores de uma sociedade consumista e estetizada, conforme explicado por Lipovetsky:
"A vida estetizada pessoal aparece como o ideal mais comumente compartilhado em nossa época: ele é a expressão e a condição do incremento do hiperindividualismo contemporâneo […] Não mais viver e se sacrificar por princípios e bens exteriores a si, mas se inventar, estabelecer para si suas próprias regras visando uma vida bela, intensa, rica em sensações e espetáculos."[7]
Um autorretrato fotográfico é um índice do retratado, ou seja, é uma marca de luz (foto-grafia) causada pela presença de uma pessoa, similar ao caráter indiciário de um reflexo no espelho. Na selfie, o jogo de olhares inclui ainda o olhar da rede e a expectativa do retratado de receber aprovação deste olhar invisível, mensurada em likes. Há portanto um jogo complexo de alternâncias de papéis entre sujeitos e objetos. O retrato representa indicialmente um sujeito que pergunta à rede se ele pode ser um objeto de desejo do outro. Quem seria esse objeto de desejo, o retratado ou seu autorretrato? Quem é esse outro a quem o sujeito pede aprovação e amor?
Se no mito de Narciso temos o enamoramento do sujeito por seu reflexo, na selfie o Narciso digital também espera ser amado por um olhar que parte do fundo do lago, do outro lado do espelho, do campo obscuro da rede. No entanto, seria um pleonasmo classificar o sujeito contemporâneo como “sujeito narcisista.” Se há um Eu que se relaciona com objetos do mundo, é porque houve uma fase do desenvolvimento libidinal denominada narcisismo, um período entre o autoerotismo e a libido objetal, descrito por Freud como narcisismo primário, “um originário investimento libidinal do Eu, de que algo é depois cedido aos objetos, mas que persiste fundamentalmente, relacionando-se aos investimentos de objeto […].”[8] Para além dessa fase, qualquer retração dos investimentos objetais ao Eu é denominada narcisismo secundário, que tem suas manifestações patológicas, como a esquizofrenia e a hipocondria, e suas ocorrências normais, tais como a retração da libido durante o sono e na experiência da dor física.[9]
Assim, ainda que, na linguagem corrente, nomeemos com o termo narcisista uma gama muito diversificada de comportamentos, o sujeito que se fotografa e distribui seu retrato em rede não é mais narcisista do que qualquer outra pessoa. Sua peculiaridade talvez seja fazer da rede uma instância de aprovação. É do outro lado da tela que ele espera receber o olhar aprovador que o faça reviver o prazer do olhar que recebia dos pais na infância.
Em Introdução ao Narcisismo, Freud ressalta a importância do olhar terno dos pais para a criança, como que atribuindo a ela “todas as perfeições […] e a ocultar e esquecer todos os defeitos.” Além disso, os pais esperam que a criança não sofra nenhuma das frustrações ou restrições que a vida em sociedade impôs a eles mesmos: “as leis da natureza como as da sociedade serão revogadas para ela [criança].” É interessante relembrar a escalada de manifestações de supervalorização dos filhos no espaço público anterior às redes sociais, através de adesivos colados no bem de consumo mais desejado durante a ascensão do neoliberalismo no Brasil, o automóvel. À medida em que o neoliberalismo se firmava, os adesivos passaram do genérico “bebê à bordo” às menções específicas do nome do bebê que estava à bordo. Não há referência a uma razão coletiva para a direção cuidadosa. Para os pais, é a segurança de sua majestade, o seu bebê, que fará todos os outros motoristas serem cautelosos.
Dentre as várias camadas de expectativa de satisfação que acompanham uma selfie, talvez possamos inferir uma reedição do prazer de ser olhado com tamanho investimento libidinal pelos pais. O sujeito busca na rede um olhar que atribua à sua autorrepresentação todas as perfeições, revivendo o narcisismo infantil agora na modalidade “sua majestade, a selfie.” De fato, é bastante comum no Brasil uma invasão de fotografias de crianças nas redes sociais no dia 12 de outubro, quando um acordo tácito entre os usuários da rede prevê o compartilhamento de fotos de si mesmos na infância. Tanto o compartilhamento de um autorretrato atual quanto a distribuição de retratos de si mesmo quando criança são oportunidades de “revivescência e reprodução do seu próprio narcisismo há muito abandonado.”[10] No caso do compartilhamento de fotos da própria infância, o processo é ainda mais interessante pois a imagem oferecida ao olhar da rede é tanto o sujeito que compartilhou a foto quanto uma criança que este sujeito considera merecedora de aprovação pelos likes da rede: ele mesmo. Dessa forma, é possível considerarmos a hipótese de que o sujeito revive o narcisismo infantil em dois níveis: primeiro, como sendo a própria criança reproduzida na fotografia e admirada por tantos olhares, seja por sua beleza, ou por sua aparência travessa, frágil, engraçada, etc, e que de qualquer forma foi bem-sucedida em culminar no adulto autor do compartilhamento da imagem; e simultaneamente, o sujeito frui um retorno efêmero ao narcisismo infantil como sendo o adulto que ama a criança retratada e que, como um pai, gostaria de protegê-la de qualquer desventura.
A relação entre o compartilhamento de autorretratos em rede com a experiência do narcisismo infantil também provê um caminho de compreensão do fenômeno da selfie a partir do conceito de Ideal de Eu. Como postulado por Freud, o indivíduo “não quer se privar da perfeição narcísica de sua infância, e se não pode mantê-la […] procura readquiri-la na forma nova do ideal do Eu. O que ele projeta diante de si como seu ideal é o substituto para o narcisismo perdido da infância, na qual ele era seu próprio ideal.”[11] Sendo a selfie um tipo de representação de si contemporânea do neoliberalismo – e sintoma cultural de transformações das subjetividades no capitalismo tardio –, ela indica o que o indivíduo deseja ser para satisfazer um poder “que observa todos os nossos propósitos, inteirando-se deles e os criticando”, um Ideal de Eu cuja formação deve à crítica dos pais e da sociedade:
"Pois a incitação a formar o Ideal do Eu, cuja tutela foi confiada à consciência moral, partiu da influência crítica dos pais intermediada pela voz, aos quais se juntaram no curso do tempo os educadores, instrutores e, como uma hoste inumerável e indefinível, todas as demais pessoas do meio (o próximo, a opinião pública)."[12]
O Ideal do Eu constitui uma das partes da instância superegóica. As outras duas partes, consciência moral e auto-observação, têm um caráter de interdição e vigilância.[13] Essas três funções podem ser observadas na dinâmica de funcionamento das redes sociais, com particularidades que merecem um trabalho de pesquisa e reflexão específicos, mas que podem ser aqui rapidamente delineadas.
Como prótese usada pelo indivíduo em seu funcionamento social, e afetando sua subjetividade, a rede substitui a função de auto-observação por um controle distribuído em inúmeros agentes de observação invisíveis e atuantes o tempo todo[14]. Qualquer compartilhamento feito em rede está sujeito a um esquema de vigilância algorítmico e humano, seja pela coleta de dados pessoais e padrões de comportamento, seja em denúncias ou detecção automatizada de conteúdos considerados inapropriados. De fato, a caracterização da rede cibernética como um panóptico digital que a tudo vigia é um tema recorrente nas ciências sociais.[15] Nessas análises, o modelo arquitetônico do panóptico usado por Michel Foucault para definir o poder disciplinar é convocado e expandido para caracterizar um poder de vigilância muito mais distribuído do que a torre única da arquitetura de presídios concebida por Jeremy Bentham no século XVIII (Figura 4). A vigilância nas redes é distribuída por milhões de olhos vigilantes, mas guarda o principal trunfo do panóptico, que é ver sem ser visto: “cada um, em seu lugar, está bem trancado em sua cela de onde é visto de frente pelo vigia; mas os muros laterais impedem que entre em contato com seus companheiros. É visto, mas não vê; objeto de uma informação, nunca sujeito de uma comunicação.”[16]
Ao lado da função de vigilância, substituto da auto-observação, a rede também provê mecanismos protéticos para a função superegoica de consciência moral. A função de interdição, censura e desaprovação é fornecida ao sujeito pela rede em modalidades que vão de emojis a comentários de ódio, passando por bloqueio de acesso, perda de seguidores, campanhas difamatórias e campanhas de repúdio a conteúdos compartilhados, que levantam a necessidade de discussão a respeito do conceito de livre expressão e marcam diferenças de valor entre grupos de internautas. Essa função interditora, no entanto, não tem as mesmas características da consciência moral discutida por Freud, já que instiga, como reação do sujeito, o sentimento de vergonha e não de culpa.[17]
A ferida narcísica provocada pela rede não advém de um conflito com a consciência moral e sim com a terceira função superegoica proposta por Freud, o Ideal de Eu, o que confirma a interrelação entre as três funções: tanto no modelo de Freud quanto na discussão da rede como prótese superegoica aqui proposta, não é possível lidar com a função interditora (seja sentindo culpa ou vergonha) sem lidar com a decepção do sujeito em não alcançar o Ideal de Eu. A constituição deste ideal, lembremos, é parte do desenvolvimento do Eu, que ocorre à medida em que há um distanciamento do narcisismo primário, gerando “um intenso esforço para reconquistá-lo. Tal distanciamento ocorre através do deslocamento da libido para um ideal do eu imposto de fora, e a satisfação, através do cumprimento desse ideal.”[18]
A vergonha individual advém da falha em cumprir aquilo que se elege como ideal de Eu, atualmente muito vinculado a normas do mundo corporativo. Farhat considera que essa falha é um ataque à dimensão narcísica do sujeito, que entra em sofrimento não pelo que fez ao outro (culpa), mas pelo que ele é (vergonha). E o que falhou naquilo que esse sujeito é? Na sociedade neoliberal, ser um empreendedor de si implica em apresentar-se para a rede cumprindo padrões de aparência física, consumo, lazer e produtividade, em analogia à cultura empresarial que Farhat define como baseada em competências: “em termos psicanalíticos podemos depreender um deslocamento do controle superegoico por modalidades mais sutis de gerenciamento, baseadas no Ideal de Ego”[19]
Nas redes sociais, a função da imagem na representação de um ideal de competências pessoais atinge seu ápice na selfie, que nesse caso é uma construção calculada em ângulos da pose e aprimorada com filtros de tratamento de imagem. Receber likes da rede colabora na sensação de cumprimento do ideal de Eu imposto pela sociedade neoliberal que avalia o retrato, e portanto enriquece o amor-próprio do retratado.
Como observado por Freud, “do ideal do Eu sai um importante caminho para o entendimento da psicologia da massa,” um componente social, de “ideal comum de uma família, uma classe, uma nação.”[20] Nesse sentido, é interessante notar que, na cultura contemporânea, a condenação moral do outro foi substituída pela expressão “vergonha alheia”. Se antes o sujeito sentia culpa por ter prejudicado um outro, e ficava à mercê de suas fantasias de persecutoriedade em relação à comunidade com quem partilhava os mesmos valores morais, agora o sujeito sente vergonha e fica ameaçado de ser excluído do grupo a quem causou “vergonha alheia”. Como nota Farhat, o outro agora só importa como espectador, testemunha da ação vergonhosa.[21]
Quem vive sob influência da cultura corporativa sacrifica parte de sua singularidade ao processo de formação de um grupo homogêneo, que trabalha na lógica de ser um time, com a consequente produção do narcisismo das pequenas diferenças, “projetando-se todo o mal para fora da equipe e colaborando para forte idealizaçãoo entre seus membros."[22] É bastante comum a ideia de time ser concretizada em estímulos, dentro das empresas, para a formação de equipes dedicadas a atividades esportivas, como corrida de rua, o que reforça a valorização do auto-controle em treinos e alimentação, e a busca pela boa forma física. Oficinas de mindfulness oferecidas a funcionários e o acompanhamento de coaches apresentam-se como recursos para a auto-superação, produção individual de bem-estar, e estabelecem “propósitos de vida” comuns aos indivíduos do grupo. Para Farhat, “Reforça-se, assim, a idealização e a identificação entre os membros como iguais, sugerindo a coexistência de objetivos semelhantes, negando as suas diferenças.”[23] Além disso, o fato de escolas de educação infantil estarem promovendo a “formação de futuros líderes globais” colabora para a formação do Ideal de Eu dentro de parâmetros neoliberais a partir dos primeiros anos de vida.[24] Forma-se, assim, uma massa que se identifica não necessariamente com um líder, mas com a ideia do sucesso como definido pela lógica neoliberal, que iguala felicidade a ser um produto perfeito[25], desejável, competente, atestado pela corretude da selfie admirável.
O autorretrato em rede será produzido, então, de forma a captar os elementos identitários comuns entre os indivíduos do grupo de quem se espera o olhar amoroso. E é exatamente nessa relação entre o grupo, o Ideal de Eu e o autorretrato produzido para a rede que talvez exista um potencial de resistência aos valores individualistas propostos pela lógica neoliberal. A disseminação em rede de imagens de novas possibilidades identitárias será tão potente quanto mais retratar um ideal de Eu baseado em uma ética coletiva, contra-atuando a cultura do consumo e da hiper-exposição de sucessos individuais.
Como apontado por Miguelez, o narcisismo como processo de constituição do Eu tem como pressuposto o desamparo inerente à existência humana[26]. Não há um Eu sem o outro que o libidinize e posteriormente o frustre, direcionando-o à libido objetal, e portanto à constituição do ideal de Eu. Ora, se os ideais humanos dependem da cultura, teríamos que aguardar o longo processo de mutação da cultura neoliberal para termos selfies avessas às normas imagéticas do capitalismo contemporâneo? Ou deveríamos considerar que a imagem é parte importante de construção de um imaginário social? Neste caso, é preciso pesquisar e difundir as possibilidades de selfies que retratem o Eu que resiste ao glamour da sociedade do espetáculo, e que se dedique ao compartilhamento de valores coletivos como formadores do Ideal do Eu.
A ascensão dos valores neoliberais foi possível com a ajuda da indústria cultural e da reprodutibilidade da imagem fotográfica e cinematográfica instrumentalizadas para a construção da ilusão de onipotência. A tarefa de reverter esse processo é gigantesca, e pode começar com a distribuição de autorretratos com dedicatória afetuosa aos feixes de possibilidades de constituição de si: para o mundo, com amor.
Figura 3: Selfies de pessoas de São Paulo, coletadas do Instagram, em 2013, pelo projeto selfiecity.net
Figura 4: Arquitetura prisional baseada no panóptico de Bentham
1 O anúncio de sucesso na fixação de imagens capturadas pelo método da câmera obscura foi feito em 1839 quase simultaneamente por Louis Daguerre e William Fox, o primeiro fixando a imagem em uma placa de metal e o segundo obtendo a fixação da imagem em papel. cf. Rosenblum, Naomi. A World History of Photography. Nova York: Abbeville Press, 1997, p. 15.
2 Selfie será aqui definida a partir de duas características: é um autorretrato feito por tecnologia digital e colocado para circular em redes sociais. Um autorretrato não compartilhado em rede não é, portanto, uma selfie. Para uma comparação entre selfies e os retratos com dedicatória, anteriores às redes sociais, cf. Figuras 1 a 3.
3O lago de Narciso: a auto-objetificação na fotografia contemporânea. 2018. Texto ainda não publicado, escrito a partir da comunicação apresentada no XXXVIII CBHA, Florianópolis.
4cf. Mbembe, Achille. Technologies of happines in the age of animism. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=nIijTCn8Gh4. Acessado em 26/06/2020.
5Agradeço a Livia Santiago pelos comentários a essa pesquisa e indicação de trabalhos sobre a selfie como veículo de visibilidade de minorias. Com exemplos desse potencial da selfie, cf. Adriana de Oliveira Ferreira, “A selfie dos refugiados sírios como narrativa autobiográfica”. Revista Uninter de Comunicação, v. 6, n. 11 2018; Lianna M. Pisani, performative Embodiment and the self(ie): defining the political feminist selfie (dissertação de mestrado), Ryerson University – York University Toronto, Ontario, Canada, 2015;
6No ensaio “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”, de 1936, Walter Benjamin discute o potencial do cinema e da fotografia em politizar a arte, como resistência à estetização da política que vinha sendo praticada pelo fascismo e pela indústria cinematográfica.
7Lipovetsky, G. A Estetização do Mundo: viver na era do capitalismo artista. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
8Freud, Introdução ao narcisismo: ensaios de metapsicologia e outros textos (1914-1916). trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 17
9Ibid., p. 26
10Ibid., p. 36-37
11Ibid., p. 40
12Ibid., p. 42
13Como discutido por Farhat, em O Ego e o Id, de 1923, o Supereu é constituído apenas por duas funções, um Ideal de Eu e uma função interditora. É apenas em 1932, nas Novas Conferências Introdutórias, que Freud subdivide o Supereu em três funções. cf. Bruno Leal Farhat, “Depressão e vergonha e os ideais de iniciativa e autonomia” In: Sofrimentos narcísicos. Verztman, Julio et. al. (orgs). Rio de Janeiro: Cia de Freud: UFRJ; Bras.lia, DF: CAPES PRODOC, 2012
14Sobre o controle da rede exercido 24 horas por dia, cf. Jonathan Crary. 24/7: capitalismo tardio e os fins do sono. São Paulo: Cosac & Naify, 2014.
15cf. Fernanda Bruno, Máquinas de ver, modos de ser: vigilância, tecnologia e subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2013; Joyce Souza et. al. A sociedade de controle: Manipulação e modulação nas redes digitais. São Paulo: Editora Hedra, 2019; Tecnopolíticas da Vigilância. Fernanda Bruno et al. (orgs.). São Paulo: Boitempo, 2018.
16 Michel Foucault, Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petropolis, RJ: Vozes, 2013, p. 190.
17Durante a escrita desse texto, circulou nas redes uma declaração da primeira-dama do estado de São Paulo, Bia Dória, condenando a distribuição de marmitas à população de rua durante a crise do Covid. A declaração motivou um onda de repúdio, marcando a diferença entre os que se organizam nas redes sociais para distribuir marmitas e os que consideram que as marmitas desmotivam moradores de rua a procurar abrigos do governo. Não é possível garantir que o episódio tenha provocado sentimento de culpa na primeira-dama, já que a declaração certamente está de acordo com os valores morais da declarante e teve apoiadores, mas talvez tenha provocado vergonha por exposição inadequada de uma opinião e danos à própria imagem midiática.
18Freud, Ibid. p. 48
19Bruno Leal Farhat, “Depressão e vergonha e os ideais de iniciativa e autonomia” In: Sofrimentos narcísicos. Verztman, Julio et. al. (orgs). Rio de Janeiro: Cia de Freud: UFRJ; Bras.lia, DF: CAPES PRODOC, 2012, p. 191
20Freud, Ibid. p. 50
21Farhat, p. 188
22Ibid., 197
23Ibid., p.196
24cf. Christian Laval. A escola não é uma empresa. São Paulo: Boitempo, 2019.
25Mbembe, op.cit.
26Oscar Miguelez, Cultura narcisista e narcisismo do sujeito. Conferência proferida em Maiêutica – Florianópolis, 2018.
Opmerkingen